O processo de alfabetização começa a partir dos dois anos de idade e se estende até os nove, quando a criança está no 3° ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais. Nesta fase, a contribuição dos pais também é essencial para garantir que a criança se sinta confiante a ponto de participar mais das aulas e das atividades propostas pela escola, sem medo de se expor.
Quantas vezes nós pais falamos uma ou outra palavra no diminutivo ou mesmo modificamos o som dela na tentativa de sermos, digamos, mais “carinhosos” com nossos filhos? Essa prática é muito comum entre os pais! Mas cuidado. Quando esse jeito de se comunicar vira regra dentro de casa, é bem provável que essa relação com a criança gere um atraso no desenvolvimento e no processo de alfabetização.
Segundo Marcília Lembo, coordenadora da Educação Infantil e 1° ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais, embora seja difícil resistir, falar adequadamente com os filhos, desde cedo, pode favorecer a alfabetização e, ainda, contribuir com a ampliação do vocabulário e com a autoestima da criança.
Usar menos diminutivos, falar carinhosamente, mas sem criar sons infantis e pronunciar as palavras corretamente pode ser essencial para um primeiro contato com o processo de alfabetização.
O uso prolongado da chupeta e da mamadeira também pode interferir no processo de alfabetização, quando usados por um período maior do que recomendado.
A alimentação é outro fator que interfere. “Aqui no Ranieri contamos com nutricionistas desde o Berçário, que acompanham de perto as fases da introdução alimentar.”
Como se dá o processo de alfabetização no Colégio Ranieri
Cada série trabalha questões que são pré-requisitos para uma nova etapa. Daí a importância de não pular fases. Para iniciar esse processo na escola, a criança aprende a primeira letra do nome porque é o que tem mais significado para ela.
Num primeiro momento, não falamos o nome da letra e sim o M como a letra da Maria, o P como a letra do Paulo e assim por diante. A partir do Maternal II, de fato, passamos a dar nomes porque nesta fase a criança já começa a reconhecer as diferentes letras”, explica Marcília.
O próximo passo é conhecer os sons que emitem a junção dessas letras. Nesta fase, a criança passa a entender o que são sílabas e, automaticamente, aprende a montar algumas palavras.
“Para estimular esse processo, investimos em projetos e atividades lúdicas. Usamos jogos da memória, brincadeira da forca, alfabeto móvel, músicas e tantos outros recursos que ajudam a criança a conhecer os símbolos e a pronúncia”, diz Marcília.
É importante que a criança escreva do jeito dela, sem a interferência dos pais na hora de realizar alguma atividade escrita. Isso ajuda a professora a perceber quais são os pontos a serem trabalhados com cada criança e, ainda, permite sugerir atividades adequadas para trabalhar as habilidades que a criança ainda precisa desenvolver em cada nível de escrita.
Como os pais podem ajudar nesse processo?
É comprovado que as pessoas têm habilidades diferentes e que os estímulos favorecem o desenvolvimento delas. Se a criança tem contato com pessoas que falam bem, que têm hábito de leitura e que se comunicam de maneira clara, ela tem um processo de alfabetização diferente da outra que não recebe esse estímulo em casa.
Quando a criança fala errado é muito comum os pais corrigirem de imediato. Mas, a sugestão é que os pais repitam a palavra da maneira correta sem precisar falar que a pronúncia foi errada.
Por exemplo, uma criança de dois anos pode aprender a pedir água, mas é bem provável que ela não consiga ainda pronunciar a palavra de maneira clara. Neste caso, faça perguntas à criança: “Você quer água?” e pronuncie corretamente a palavra para que ela ouça o som. Essa prática é excelente para ensinar a pronúncia correta, sem precisar evidenciar um erro.
Marcília citou, ainda, mais algumas dicas para que os pais possam contribuir com o processo de alfabetização dos filhos:
- Controle a ansiedade. Temos que tomar cuidado para não pular etapas porque a criança vai aprender a ler e escrever e precisamos respeitar o tempo de desenvolvimento dela. Quando a gente a compara com outro colega, primo ou irmão, demonstramos uma cobrança sobre a mesma e isso pode gerar diversas reações, como a falta de interesse por ler, por exemplo.
- Não aponte os erros na escrita da criança. Quando ela escreve alguma palavra, qualquer imperfeição pode parecer erro para nós adultos, mas para ela não é. A criança está criando hipóteses. Na construção do aprendizado, ela precisa errar para acertar. Os pais podem questionar, claro! Se a criança olhar a palavra e perceber que está faltando ou que tem uma letra a mais, ótimo! Caso ela não perceba, deixe que a professora crie uma ponte entre ela e a criança para explicar o processo de construção.
- Gere estímulos para atrair o interesse da criança. Leia livros, escute e cante músicas com ela. Crie momentos para desenvolver a imaginação e criatividade, inventem histórias, criem juntos!
- Brinque muito com seu filho. Se conseguir colocar brincadeiras que têm objetivo é bem bacana. Brincando, a criança irá aprender naturalmente.