Ranicast 24 – Por que a superproteção desprotege? com Alcione Marques

Hoje em dia, é comum vermos pais preocupados em proteger seus filhos de frustrações e dificuldades. Mas será que essa superproteção realmente protege, ou será que, na verdade, ela desprotege? Para nos ajudar a entender melhor essa questão, conversamos com Alcione Marques, diretora da Neuroconecte, educadora, psicopedagoga, mestre em Ciências pela UNIFESP e especialista em Neurociência Educacional e do Comportamento.

O Problema da Superproteção

Alcione explica que enquanto a proteção é necessária para garantir o desenvolvimento saudável da criança, já a superproteção acontece quando os pais ou cuidadores impedem que a criança lide com desafios, tristezas e obstáculos. Esse fenômeno, conhecido como “overparenting” ou “pais helicóptero”, está associado a um excesso de controle, onde os pais intervêm em todas as interações da criança, limitando sua liberdade e dificultando o desenvolvimento de habilidades, como a autonomia, responsabilidade e pensamento crítico.

Estudos mostram que a superproteção é um fator de risco para o adoecimento mental de crianças, adolescentes e jovens, aumentando o risco de desenvolver transtornos como ansiedade, depressão e burnout. Os jovens superprotegidos frequentemente enfrentam dificuldades na vida adulta, desde problemas de relacionamento até dificuldades no mercado de trabalho.

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Para encontrar um equilíbrio saudável entre proteção e autonomia, os pais precisam permitir que seus filhos enfrentem desafios e lidem com frustrações desde cedo. Isso inclui envolvê-los em situações familiares e financeiras, compartilhando decisões e mostrando confiança em suas habilidades. Ao oferecer espaço para escolhas e consequências, os pais podem fortalecer as habilidades de resolução de problemas e resiliência de seus filhos, preparando-os para os desafios da vida adulta.

A superproteção pode parecer uma forma de amor e cuidado, mas seus efeitos negativos podem limitar o desenvolvimento saudável e a autonomia das crianças. Encontrar um equilíbrio entre proteção e autonomia é essencial para promover o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças e prepará-las para enfrentar os desafios da vida adulta.

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